Mulher de Verdade

Lilian Lobato

Lenço com estampa de onça, anéis nos dedos, um sorriso no rosto. Essa não é a imagem que se espera de Amélia, e apesar de cantar e tocar essa melodia, Dona Jandira é bem diferente dela, principalmente no quesito vaidade. A alagoana, de família de músicos, canta desde os quatro anos, mas não seguiu a carreira de cantora, muito pelo preconceito da época. Hoje, aos 69 anos, Dona Jandira se define como decidida e audaciosa, mulher de verdade, tem três anos de carreira e prepara-se para lançar o primeiro CD.

Rotina cultural de um casal contemporâneo

Marcela Campos e Mariana Pires

Ele possui rotina inalterável, mais estável do que a de muita gente. É infalível. Todos as tardes e noites ele está lá, no corredor do andar de baixo do Palácio das Artes, ora em frente ao Teatro João Ceschiatti, nos dias de evento, e na maioria das vezes sentado ao lado de fora do café, que fica dentro do prédio.

Por trás das cortinas

Maíra Lobato e Patrícia Vilela

Ela chama a gente de madame, mas quem conhece Alzira sabe que a madame é ela. Sempre muito elegante e de bem com a vida, Alzira já trabalhou perto dos maiores artistas que já passaram pela cidade. “Alguns são metidos e nem dão conversa pra gente, mas na hora do aperto, a camareira é a primeira pessoa que eles lembram”, conta.

Primeira-dama ao avesso

João Marcos Veiga e Salua Zorkot

Belo Horizonte, como toda cidade, tem sua primeira-dama. Só que, basta uma rápida pesquisa para constatar: ela não existe em fotos oficiais, cerimônias ou festinhas. Thaís Velloso Cougo é uma primeira-dama ao avesso, abdica do frágil respeito dessa categoria e foge da sombra de mulher de Fernando Pimentel. Ao invés de se preocupar com chapéus , ela estuda fenômenos de urbanização da capital mineira na década de 50. Ao invés de um porta-retrato de viagens e encontros com políticos, Thaís têm sob a mesa livros de História e catálogos culturais. Ao invés de estar no salão de beleza, ela está na sua sala de curadora do Museu Abílio Barreto. E, agora, está muito preocupada com o passarinho amarelo e azul que já não pousa na sua janela há alguns dias.

Escorregou, abaixa e Créu!

Flávia Lélis e Gabriel Martins

“Nossa, que short mais curto o dela”. “Que dança esquisita!”. “Essa mulher parece uma piriguete. Se não for uma, né?”. “Eita, morena, mas tu tem um cara de danada”. “Vocês estão de parabéns. Mostraram muito bem a Dança do Creu!”. Estas são reações na página do Youtube coletadas depois de 3 meses do upload do vídeo Dança do Creu. O vídeo foi feito pelos dançarinos de axé Juiz de Fora, NuNu e Waguinho Top, e o que parecia uma brincadeira entre amigos virou uma febre virtual do Youtube.

Depois da Missa

Gabriela Fagundes e Mayra Michel

Administrador, professor, político, escritor, pesquisador, líder, conselheiro, polêmico... e padre.

Padre Miguel Ângelo Fiorillo, ou somente, Padre Miguel, é pároco há 25 anos da Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem em Itabirito, a 54 km da capital mineira. Aos seus 52 anos, o padre se tornou uma figura importante para a cidade e são seus habitantes - que o admiram ou repudiam - que o apresentarão neste perfil.

Os olhos de Belo Horizonte

Anni Luise Sieglitz, Eliane de Cássia Ribeiro e Natália Mércia da Silva

Poucas casas, ruas tranqüilas, bonde e ferrovias. Essa é a Belo Horizonte do passado. Dos anos 20. Geração de crescimento da capital mineira. Geração de grandes escritores como Carlos Drummond de Andrade, Ciro dos Anjos e Pedro Nava. Aos olhos da história, Belo Horizonte ganha forma impessoal, sucessão de fatos e datas. Mas aos olhos dos moradores da capital, ela se torna um livro aberto, rico em detalhes, de histórias maravilhosas, algumas quase esquecidas, outras recentes.

Fenômeno da moda: Ronaldo

Heloísa Mendonça e Lívia Farnese

Aos seis anos, Ronaldo, uma criança que morava no Bairro Sagrada Família, em Belo Horizonte, "nos tempos em que se podia brincar na rua" começou a usar óculos. Ele sofria de estigmatismo e miopia. "Os óculos mudam a sua cara, é uma forma de mostrar a sua personalidade". Mas naquela época, ele não imaginava que aquele suporte estaria estampado na marca da sua própria grife de roupas. Também, como poderia? Ronaldo Fraga nunca pensou em ser designer , tampouco brincava na infância com os vestidinhos das bonecas da irmã. Ele nunca teve irmã e sim quatro irmãos.

Humor à primeira vista

Filippe Nilo e Cristiano Márcio

A história de sucesso do ex-vendedor de quadros que virou artista de televisão.

Ao perguntarmos na rua se alguém conhece Alfredo Luis da Silva a resposta em 100% das vezes é não. E ainda tem gente que pergunta: É famoso? Ou então: É político? Deve ser parente do Lula! Mas ninguém sabe que Alfredo é o verdadeiro nome de Totonho, da dupla Caju & Totonho . Hoje, eles estão entre os humoristas mais conhecidos de Belo Horizonte, já receberam prêmios no Brasil e recentemente viajaram pela Europa.

A aparente realidade cômoda de Alberto Porteiro

Marco Túlio e Diego Mancini

Trimm...trimm..., Silêncio...

- Por favor, me liga no 701, gostaria de falar com o Diego.

Essa é a rotina de Alberto Mário Alves, 35 anos, porteiro em um prédio na zona sul de Belo Horizonte. Acostumado com calmaria e a clausura da portaria de um edifício, às vezes o estridente som do interfone vem despertar sua atenção para pessoas chegando, carteiros, entregadores ou mesmo moradores precisando de um simples favor.

Você já tomou seu remédio hoje?

Andressa Paiva e Samuel Guimarães e Garcia

Frios corredores cor de gelo. Em cada porta, uma remessa de gente trancada. As pessoas, pra lá e pra cá, respiram fundo e vivem. É preciso ter controle de si mesmo. Alguém questiona: “Você já tomou sua dose de remédio hoje?”.

Lição de vida

Jairo Bittencourt e Washington Magalhães

Servidora da Saúde em Contagem, a vigilante Nelzira Silva Ramos é uma daquelas pessoas que fazem da alegria um instrumento de conscientização. Quem a vê no ambiente de trabalho não imagina que a mulher de uniforme de vigilante transforma-se em uma personagem que encanta pela alegria.

Só Alegria!

Angélica Maia e Rafaela Leal

O tranqüilo quarteirão da Rua Vinte e Oito de Setembro acorda às sete horas da manhã, quando aquela porta barulhenta do sacolão no número 657 é erguida pelo comerciante Divino. Enquanto descarrega os pesados caixotes com frutas, legumes e verduras nos balcões, Divino arranha a música “Verdade”, sucesso de seu sambista favorito, Zeca Pagodinho. Embora o seu talento como cantor seja discutível, Divino contagia seus fregueses com a cantoria.

Construindo Paulo Waisberg

Alice Drummond e Ana Carolina Diniz

Para visitar o perfil de Paulo Waisberg, sugerimos que você clique na barra de áudio e deixe a música rolar por todo o percurso, desligando somente quanto for assistir o último vídeo. Essa trilha foi escolhida pelo perfilado e ilustra um pouco de seu universo.

Guardiã da(s) História(s)

Fabrício Veloso e Lívia Murta

Liberdade é o que ela sente dentro do Palácio. Um local imponente que para nós é símbolo de luxo e poder, para Maria da Conceição Piló é apenas seu ambiente de trabalho. Depois de dedicar ali 28 anos de sua vida profissional, a curadora se sente praticamente em casa nas horas em que passa na sede do governo de Minas Gerais. Talvez seja esse o motivo de sua indignação e de seus vários pedidos de desculpas diante da burocracia enfrentada para que pudéssemos entrevistá-la. “Vou falar com o governador. Sempre tive muita liberdade aqui. Não estou acostumada com isso, é um absurdo”, diz.